ESTRANHAMENTE COMUM
Em um mundo de relações cada vez mais velozes, intempestivas e, ao mesmo tempo, frágeis e fugazes, o que realmente importa? Como dar significado ao ordinário na poesia do cotidiano? O comum se torna estranhamente comum aos nossos olhos e é necessário tempo, paciência e empatia para olhar com os olhos alheios, sentir na pele a verdade do outro para que se torne algo naturalmente nosso também.
O cotidiano, os objetos que geralmente passam despercebidos, ganham novo significado para serem repensados no que é passado, no que é presente e no que é futuro. Um exercício de memória e sentimento.
São questões como essas que inspiram a criação da concepção coreográfica de “Estranhamente Comum”, novo trabalho dirigido pelo coreógrafo e professor João Pirahy juntamente com os artistas-intérpretes da Pulsar Cia de Dança.
A obra tem como inspiração o artista visual contemporâneo Marcos Reis Peixoto, o Marepe, nascido em 1970, no Recôncavo Baiano, Marepe apresenta um trabalho cheio de significados e afetividades a partir da exposição de objetos tidos como comuns em nosso dia-a-dia, porém ressignificados diante de nossos olhos.
O artista plástico se vale de procedimentos recorrentes da arte contemporânea como o acúmulo e o novo significado de objetos em suas funções cotidianas.
São três verbos (ou atos simbólicos) aos quais Marepe recorre ao longo de sua trajetória: mover, transformar e condensar.
A partir deste olhar, João Pirahy se apropria da corporeidade dos artistas-intérpretes para criar um verdadeiro relicário em cena.
Valendo-se de objetos do cotidiano, a narrativa de “Estranhamente Comum” traz elementos da ancestralidade, a potência do corpo feminino, relações interpessoais, LGBTQI+ e feminismo em solos, duos e células coreográficas em grupo que exploram diferentes níveis, dinâmicas e intensidades.
Com uma trilha sonora composta por canções e sons que mesclam o clássico e o moderno, o ancestral e o ritualístico, o palco abre espaço para um caleidoscópio de sensações e interpretações, um verdadeiro mergulho no mundo alheio em uma busca e descoberta de infinitas possibilidades.
VIDRO
Procura-se o ferro resistente. Acha-se o vidro frágil. Encanta-se com sua dureza. Espanta-se com o ferimento provocado. Assim como esse material que se pretende à dureza e, no entanto, se quebra a qualquer tormento forte; a vida humana, por seus caminhos, se quebra, se racha, se fere. Nesses caminhos, o encontro com o que se teme: a solidão, a perda, a exclusão, a não aceitação, o abuso, a falta de amor, a dependência, o terror.
Diante de tantas possibilidades, como é possível fazer-se viver sem se machucar irreversivelmente? Constroem-se defesas, muros e barreiras; opera-se na dureza; fecha-se num eu sem outro. Uma promessa nunca cumprida, contudo. Resolução nunca efetivada. A imagem distorcida de si enviada pelo próprio vidro obriga a encarar o medo primordial do que há dentro.
Em cada sujeito algo de profundamente desvirtuado. A transparência do vidro nos aponta para o escondido que não cessa de insistir e que é, portanto, ameaçador. O medo do que não se sabe de si; aquilo que nos habita e nos horroriza. A feminilidade do homem, a violência da mulher, o desencontro de toda relação, a morte em vida, a verdade não dita, a fragilidade da carne de cada um.
“Vidro” retrata a fragilidade que entorpece o humano; os cortes que fazem sangrar, mas que permitem aberturas; e a farsa da força dos corpos suscetíveis as milhões de possibilidades na aleatoriedade do caos da existência. Diante do caos, só se faz possível entregar-se a insistência da existência. Insisto, invisto, registro, resisto, existo. Existindo, me lanço no abismo à medida que só se faz vivo, quem se lança. Quebra-se o vidro, liberta-se da morte rígida e gelada. É o que está em jogo nesta dança.
Luis Luzes
IMPORTANTE:
O protocolo para realização de eventos culturais segue as orientações do decreto do governo do estado, o decreto estabelece que a entrada nos eventos está condicionada a apresentação do comprovante de vacinação completo para os adultos, seja com as duas doses ou dose única.
REGRAS PARA MEIA-ENTRADA:
Estudantes (Com Carteira de Identificação Estudantil)
Pessoas com deficiência, inclusive seu acompanhante quando necessário.
Jovens com idade de 15 a 29 anos de baixa renda inscritos no Cadastro Único Para Programas Sociais do Governo Federal (Mediante a apresentação da Identidade Jovem, acompanhada de documento de identificação com foto expedido por órgão público e válido em todo o território nacional)
Idosos e Terceira Idade (Cartão de Aposentado ou RG para maiores de 60 anos)
Professores Rede Pública (Holerite ou Documento que comprove)
Diretores, Coordenadores Pedagógicos, Supervisores e titulares de cargos do quadro de apoio das escolas das redes estadual e municipais, de acordo com a Lei Estadual 15.298/14.
(O direito ao benefício da meia-entrada é assegurado em 40% (quarenta por cento) do total dos ingressos disponíveis para cada evento)